Eu, comigo mesma.

Você disse "Acho que acabou".

Meu coração palpitou. E, por fora, eu continuei parada, aproveitando que não podia ver meu rosto. Aproveitando, meus olhos logo encheram de lágrimas, mas eu não te contei. Porque, de repente, eu já tinha outra coisa para me preocupar: eu tinha que me preparar para mais uma infinidade de dias ruins, de noites péssimas.

Meu corpo começou a querer me deixar. Parecia que estava me levando junto, embora. Parecia que, se a gente acabasse, eu acabaria. E, juro por Deus, me surpreendi de ter continuado aqui. Ainda pareço estar sonhando, porque achei que não continuaria.

Não sem você.

Tanta coisa passou pela minha cabeça. E, mesmo que eu já soubesse que ia ser ali, naquela hora, que você ia me dizer "adeus", eu não quis acreditar.
Mesmo sabendo o quanto aquilo me machucaria se você tivesse deixado como estava, eu ainda preferiria assim. Porque foi isso que prometi a mim mesma, num dia em que chorei tanto que decidi que precisava de você, seja lá o que eu precisasse fazer. Eu prometi assim: "Vou passar pelo que for preciso, vou aguentar o que tiver de aguentar. Mas eu não vou mais perdê-lo. Nunca mais." E aí você se perdeu de nós. Acho que esqueceu o caminho da trilha. Aquela pela qual dissemos que íamos fazer juntos, lembra?

Eu digo que não dói,  mas é mentira.
E, pode até ser que eu ache isso mesmo, se eu comparar com a dor que eu senti na hora.
Ao menos eu sei que suas forças já tinham acabado.
Seu pote de energéticos para a luta se esvaziou.

E, depois, já não foi mais a mesma coisa, né?
No final de tudo, eu posso achar que você já não estava comigo havia dias.
E, tanto faz, porque a única pessoa que continua aqui sou eu. Eu, comigo mesma.
Ainda estou aprendendo.